LIVRO DE ARTISTA:
a vida como labirinto
(2001-2002)
Instalação: “LIVRO DE ARTISTA: a vida como labirinto”.
Textos do livro: Anna Alice W. Pietruza, Maria Letícia Rauen Vianna,Sônia Gutierrez.
Poemas: Roberto Bittencourt
Montagem: Antonio Luna
Catálogo/livro coleção Labirinto nº 1 com poemas e textos:
“Dizem que foi Dédalo, o pai de Ícaro, quem inventou, a pedido do rei de Creta, essa prisão original. No centro, preservado por inúmeras pistas falsas, esse surreal Minotauro, de dúbia natureza, devorador inclemente, sem outro fado senão Pasifae, sua mãe, ludibriada, apaixonada, incauta.A esse mata ou morre se atreveu Teseu, o guerreiro, fadado também a própria causa.Mas se safa.Prestativa e enamorada, Ariadne faz a fita e lhe dá o rumo.
LABIRINTO
Metáfora tanto do dentro quanto do fora que comemora o esforço da conquista do antes tido como inacessível.
Conquista que despreza a força bruta em privilégio da mental da ideia nova, criativa, reorganizadora. Como aquela das pedrinhas de João e Maria. Ou então, muito mais compenetrada, como o “passo do you”, dança labiríntica chinesa, tornada símbolo do sobrenatural, onde a dança tem caráter ritual…
Como metonímia, pela genialidade borgiana que do labirinto faz a bússola, na subversão do tempo cronológico, do espaço reinventando onde se perder é se achar, onde a lei é a transgressão, numa identidade conceitual com a definição de belo para a estética surrealista, surrupiada de Lautréamont.
Em todo caso, seja pela síntese metafórica ou pelo deslizamento metonímico, na extensão do que parece infinitamente grande é possível se conduzir por um ponto ao qual se dirigem todos os passos é a causa de toda jornada. É a trajetória construída e reconstruída que cria a dimensão do labirinto e a possibilidade de se escapar dele.
O fio de Ariadne, aqui, é o que se configura pela repetição, no sentido do encontro, da tiquê aristotélica, do acaso como fortuna”.
Preste atenção. Observe o trabalho da Sônia. Pegue o rumo. Percorra. Refaça. Veja o que ela faz. Arteira, desenha, pinta, ilustra. Instala, ensina, professa, pesquisa, ataca, defende, aponta, denuncia, cria o fato, preserva, com prova.
Ligada, ligadíssima transita todas as informações, todos os materiais, todos os instrumentos. Compila, distribui, reinventa.Traça o desenho do ser nas dobraduras do tempo. Labirintifica o Livro Caracol (como ela o chama) e lê o passado com os olhos do presente onde se instala, inexoravelmente, enfileirando o olhar do espectador até a janela nova, a percepção futura que o objeto estético cria.
ANNA ALICE W. PIETRUZA
Psicanalista e estudiosa das artes
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“Ontem fui à casa de Sônia. Fazia dias que ela queria me mostrar o que estava fazendo: o seu labirinto. Nunca dava certo, hoje deu.fiquei impressionada com o que vi. A tenacidade desta mulher. Que criatividade, inventividade, inteligência em tão reduzido espaço físico! Rápida e sagaz. Mostrava tudo ao mesmo tempo, me levava a me perder em seu labirinto de falas e visualizações. Tantas eram as coisas, as informações, as referências… livros, revistas, panfletos, em inglês, francês, espanhol, alemão… imagens de labirintos sem barreira linguísticas, papel de arroz, tinta de impressão, spray. Comentários, histórias, críticas, vida pessoal, tudo misturado, no verdadeiro labirinto que é a sua cabeça e o seu coração… Por ontem, consegui escapar do seu labirinto, mas espero que todos fiquem, como eu, nele aprisionados (fascinados)… pelo menos por um certo tempo.Valerá a pena”.
MARIA LETÍCIA RAUEN VIANNA
Doutora em Arte ECA/Sorbonne
Teu sim de simplesmente estar
Para ver onde
Eu quero chegar
Com a vida dos lábios
Em teu olhar.
ROBERTO BITTENCOURT
Poeta e Fotógrafo