POTY LAZZAROTTO E DALTON TREVISAN:
ENTRETEXTOS (2011)
A Fundação Poty Lazzarotto, que tem como objetivo zelar pelo acervo do artista-ilustrador e divulgar sua obra à comunidade nacional, festeja a publicação do livro, “POTY LAZZAROTTO E DALTON TREVISAN: ENTRETEXTOS” de Sônia Gutierrez, e o patrocina em razão da qualidade e ineditismo do seu trabalho, iniciado há oito anos, em 2002.
O presente livro, que privilegia o trabalho de Poty na parceria com o escritor Dalton Trevisan, seu amigo e parceiro desde o ano de 1945, deve atrair a atenção dos admiradores e dos conhecedores da obra do artista-ilustrador e do escritor, bem como despertar os jovens para as suas obras e à sua parceria. Como entendemos necessário reiterar a importância da produção cultural no Estado do Paraná, de forma a reafirmar a memória desse patrimônio no país, apresentamos esse livro desejando uma boa viagem aos leitores, – já que a proposta é a de propiciar um percurso lúdico -, que solicita a contribuição dos leitores no caminho.
Dr. João Geraldo Lazzarotto
Presidente da Fundação Poty Lazzarotto
Orientadora Mestrado: Dra. Lucrécia D’Aléssio Ferrara.
INTRODUÇÃO
…“Há alguma coisa de artístico na descoberta científica e há alguma coisa de científico no que os ingênuos chamam de ‘intuição do artista’… O que existe em comum é felicidade da abdução”… – Umberto Eco
Poty Lazzarotto e Dalton Trevisan: entretextos é um (re)fazer/perfazer os caminhos, becos, meandros de CURITIBA; é observar a(s) sua(s) obra(s) acontecer(em) e verificar hipóteses. Apreendê-las pelo viés da abdução remete a Peirce, para quem não existe diferença entre “a fria inteligência especuladora e a intuição do artista”. (ECO)
Dessa forma, esta investigação / seleção / comparação / interpretação da sintaxe dialógica entre os artistas e suas obras se faz tanto pelo viés “o que em mim sente está pensando” quanto pelo viés do “o que em mim pensa está sentindo”, do poeta Fernando Pessoa. (PAES, J. P., 1990, p. 60). O primeiro dá primazia à sensação, à intuição, à identificação com a arte/escritura e a coincidência da relação ambígua entre Curitiba e personagens; o segundo observando com o rigor analítico, imprescindível à sua realização, a partir de um instrumental teórico, advindo de fontes generosas e brilhantes, especialmente as de: Roger Chatier, Mikhail Bakhtin, Charles S. Peirce, Roman Jakobson, Roland Barthes, Umberto Eco, Lucrécia D’Aléssio Ferrara, Italo Calvino.
Estabelecido esse caminho/processo dialógico, não se refuta nenhum caminho em direção à “descoberta” do universo potydaltoniano. As ‘colagens’ realizadas com os textos dos autores, constituem parte do processo necessário ao entendimento/compreensão do jogo dialógico, intertextos / intratextos / entretextos, e a própria construção desta dissertação por meio do discurso não-verbal.
Acompanhar a obra da parceria é (a)testar a força dessa intertextualidade dialógica, evidenciada nos vários procedimentos/ códigos adotados na(s) obra(s), como a montagem, colagem, bricolagem e a paródia que, não raro, subvertem os sentido no/dos textos. Nessa dialogia sígnica, esses criadores também se constroem como personagens centrais da cidade “ficcional”, concomitantemente à construção de CURITIBA – “província / cárcere / lar”, [1] o leit-motif da(s) obra(s) e espaço de (in)comunicabilidade, de (des)prazer, de (des)construção, do eu/outro, força antropofágica, espaço de intersemioticidade, espaço da criação.
Este percurso se inicia com O livro ilustrado – sua importância, história/futuro, numa brevíssima abordagem – para mostrar Poty Lazzarotto -artista ilustrador é abordar sua produção em quatro livros de escritores brasileiros, visando realçar a especificidade da sua imagem / traço na obra de Dalton Trevisan.
“Poty e Dalton – lado a lado” resgata o trabalho de ambos, também o início do percurso da parceria (1946), seu projeto cultural conjunto a partir da revista JOAQUIM, observando a coincidência das duas propostas individuais e suas motivações.
Prossegue-se com CURITIBA: o labirinto de Poty Lazzarotto e Dalton Trevisan, no qual se adere ao mundo ficcional e à sua “ilogicidade”, à re-construção da cidade paralela ao “universo externo igualmente ilógico”, como na obra de Borges, na qual se está sempre dentro de uma “trama (cósmica ou situacional)”… conforme a “lógica fantástica da Biblioteca”, parafraseando Eco. (ECO, 1989, p. 161-165)
Em o processo dialógico na obra de poty lazzarotto e dalton trevisan estão demonstrados os procedimentos retóricos/estilísticos que tramam uma obra que se faz com dois textos, o verbal e o não-verbal – verbo/ícone num processo intersemiótico de plena autonomia dos códigos e de profunda identidade expressivo / semântica. Para tanto, foram visitados especialmente os livros Em busca de Curitiba Perdida (1998), Mistério (1999), Ah, é? (1998) e Dinorá (1996).
No universo dos textos de Poty e Dalton, é necessário percorrer os labirintos circulares de Curitiba, dialogando com as imagens e palavras, com os personagens (curitiba, largo da ordem, joãos, marias, morcego-vampiro, dinorás, poty e dalton) e suas outras/mesmas histórias. É necessário tornar-se voyeur da obra, observar a dialogia das relações, suas transgressões e ambiguidades. Assumir a condição de flaneur, o percorrer a cidade e aproveitar para escapar alhures, para viver plenamente a utopia da arte e da liberdade da qual a obra é proposta exemplar.
A HISTÓRIA MÁGICA DOS
DESENHOS DE POTY (2005)
Livro infantil publicado pelo MON, Museu Oscar Niemeyer.
Diretora Presidente: Maristela Requião – com ilustrações de Poty Lazzarotto criança.
Pesquisa e produção gráfica Imprensa Oficial e Sônia Gutierrez.
Distribuído gratuitamente na Rede Pública de Educação do Estado do PR. Texto cedido pela autora.
Edição Esgotada.
CABOCLOS E CAIÇARAS –
ditados do litoral do Paraná
(2005)
Livro editado pela autora pela sua Coleção Labirinto. 35 ilustrações e ditados reunidos com a contribuição inestimável de parnanguaras reunidos para essa finalidade. Lançado em 2004, na Biblioteca Pública do Paraná com exposição dos originais.